terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Pequenos contos nada amorosos

Por meses eles se encontravam todas as manhãs no ônibus a caminho do trabalho. Trocavam olhares, dividiam o mesmo banco, mas nunca palavras. Até que em uma manhã ele entrou acompanhado, a noiva atrasada pegou o mesmo ônibus. Distraído, não reparou que sua companhia matinal estava presente. O casal se sentou e ele só lembrou da moça quando sentiu uma mão no ombro e um sussurro no ouvido: Bom dia! Tudo bem com você?

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No jardim da infância ele foi apaixonado pela tia Pri, casada com o Sr. Paulo da cantina. No ginásio amou Julinha, apaixonada por um dos Back Street Boys. Na faculdade sua paixão foi Maria, namorada de seu melhor amigo Jon.
Chegou em casa após passar a noite observando sua nova paixão: a bartender e noiva do seu companheiro de bebedeira Pedroso. Encontrou e abriu uma carta sem remetente. Leu em voz alta para ter certeza que não estava sonhando:

Parabéns o senhor foi indicado para o maior Prêmio do Cinema Mundial.

Indicação: Melhor ator coadjuvante
Filme: Sua própria vida.

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Ela era atriz e sonhava em estrelar o filme daquele diretor famoso. Fez de tudo durante anos para conseguir o papel. Estudava o dia inteiro, praticava a noite. Decorou monólogos, aprendeu a improvisar, a cantar e a dançar como ninguém. Levou tão a sério os estudos que esqueceu de fazer o teste, mesmo quando o papel principal já estava disponível.

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Os dois, ambos acompanhados pelos namorados, não conseguiam deixar de trocar olhares quando se conheceram. A festa estava cheia, mas para eles o silêncio era notável. Ele esperou a namorada ir ao banheiro para dizer ao amigo que faria de tudo para ficar com aquela mulher. Ela mandou um bilhete ao amigo dizendo que faria qualquer coisa para ter aquele homem. Só esqueceram de fazer a mais simples de todas.

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Depois do primeiro olhar os dois tinham certeza que foram feitos um para o outro. Quando se encontravam davam risada sem precisar falar nada, se admiravam e o tempo passava rápido provando que não estavam enganados. Uma noite se encontraram escondidos, conversaram, riram e depois do primeiro beijo os dois tinham certeza que não foram feitos um para o outro.

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Ela tinha tatuagens, sorrisos, histórias e dizia ter um piercing. Ele não. Naquela noite os dois não se largaram. Já na manhã seguinte, aprenderam que só mesmo com muita cerveja para as leis da física fazerem algum sentido.

2 comentários:

Ale Peixoto disse...

Acontece né Bruno, fazer o que?! De vem em quando acho que meu roterista também curte esse tipo de história.

Anônimo disse...

vc fez falta no meu carnaval!
e só com muita pinga com mel q as coisas fazem sentido p/ mim
=***