sábado, 31 de maio de 2008

Um dia como outro qualquer

Já era tarde, São Paulo estava gelada. Daqueles dias onde as mulheres escondem as pernas e os homens soltam a imaginação. Depois de algumas horas no bar do Senhor José eu já não sentia a ponta dos pés. Difícil foi descobrir se por causa do tempo ou da décima cerveja que já apunhalava.

Mudamos de endereço. Direto pra Tia Augusta há 5 passos do Inferno. A fila gigante garantiu a décima primeira. Enquanto esperava que todos entrassem, parei e vi um viking gigante que gritava “Ela roubou meu caminhão!”. Por alguns segundos fiquei imaginando o tamanho que ela deveria ter para conseguir essa façanha, desisti.

Estiquei o braço entre uns cabeludos e umas mulheres com mais testorenona no corpo que eu. Consegui a décima segunda. Fui para pista, já era difícil enxergar alguma coisa. Vi um allstar pro lado, outro pro outro. Mulheres de cabelos vermelhos e tenho quase certeza que o Pão de Açúcar.

Até que uns tigres espanhóis apareceram e ninguém conseguiu ficar parado. Dois minutos depois, encontrei uns malucos que diziam ser Macacos do Ártico, não tenho certeza se era isso, mas menos idiota não era. Eles diziam e repetiam várias vezes que algumas coisas nunca acontecem aos Domingos. No começo achei que era piada, até que um me disse que adorava futebol. Tudo explicado.

A noite estava meio maluca. Ri demais quando um cara de bigodinho e cara de matador disse para uma amiga “Alguém me disse que você tinha namorado.” Ri mais ainda da resposta: “Tinha, não tenho mais.” 2 minutos depois eles esqueciam que apesar de escuro, aquela sala tinha mais que 4 paredes.

De repente um alarme de incêndio tocou. As caixas gritavam que o “fogo estava fora de controle”, mas ao invés de todo mundo começar a correr, as pessoas voltavam pra pista. O cara até apelou disse que ia botar fogo na cidade inteira. Mas não adiantou. A galera continuou dançando como se aquilo fosse um treinamento de incêndio.

Já tava tarde, resolvi dançar sozinho. E imaginei como seria se eu tivesse morando no meu Próprio Idaho. Daí veio um branquelo do meu lado, meio com cara de sueco e me disse: Graças a Deus que isso não acontece.

Depois disso tudo achei melhor partir para a última cerveja da noite. Tá bom vai, penúltima. Tava lá parado. Um amigo me disse que estava apaixonado por uma garota. Ela tinha cabelo vermelho ondulado e usava uma camiseta com listras brancas. Eu disse que ela tinha namorado. Ele fingiu não ouvir.

A noite já tava acabando. Meu amigo voltou sozinho. É eu odeio ter que dizer isso, mas eu te disse. De repente, um cara gritou que o KKK levou a garota dele embora. Achei melhor voltar pra casa e conferir se a minha ainda dormia como uma virgem na câmara da Molly.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Anyone Else But You


Não consigo parar de cantar desde domingo. du dudu du dudu

P.S - Se você não viu Juno. Não veja o vídeo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Pequenos contos nada amorosos

Por meses eles se encontravam todas as manhãs no ônibus a caminho do trabalho. Trocavam olhares, dividiam o mesmo banco, mas nunca palavras. Até que em uma manhã ele entrou acompanhado, a noiva atrasada pegou o mesmo ônibus. Distraído, não reparou que sua companhia matinal estava presente. O casal se sentou e ele só lembrou da moça quando sentiu uma mão no ombro e um sussurro no ouvido: Bom dia! Tudo bem com você?

...

No jardim da infância ele foi apaixonado pela tia Pri, casada com o Sr. Paulo da cantina. No ginásio amou Julinha, apaixonada por um dos Back Street Boys. Na faculdade sua paixão foi Maria, namorada de seu melhor amigo Jon.
Chegou em casa após passar a noite observando sua nova paixão: a bartender e noiva do seu companheiro de bebedeira Pedroso. Encontrou e abriu uma carta sem remetente. Leu em voz alta para ter certeza que não estava sonhando:

Parabéns o senhor foi indicado para o maior Prêmio do Cinema Mundial.

Indicação: Melhor ator coadjuvante
Filme: Sua própria vida.

...

Ela era atriz e sonhava em estrelar o filme daquele diretor famoso. Fez de tudo durante anos para conseguir o papel. Estudava o dia inteiro, praticava a noite. Decorou monólogos, aprendeu a improvisar, a cantar e a dançar como ninguém. Levou tão a sério os estudos que esqueceu de fazer o teste, mesmo quando o papel principal já estava disponível.

...

Os dois, ambos acompanhados pelos namorados, não conseguiam deixar de trocar olhares quando se conheceram. A festa estava cheia, mas para eles o silêncio era notável. Ele esperou a namorada ir ao banheiro para dizer ao amigo que faria de tudo para ficar com aquela mulher. Ela mandou um bilhete ao amigo dizendo que faria qualquer coisa para ter aquele homem. Só esqueceram de fazer a mais simples de todas.

...

Depois do primeiro olhar os dois tinham certeza que foram feitos um para o outro. Quando se encontravam davam risada sem precisar falar nada, se admiravam e o tempo passava rápido provando que não estavam enganados. Uma noite se encontraram escondidos, conversaram, riram e depois do primeiro beijo os dois tinham certeza que não foram feitos um para o outro.

...

Ela tinha tatuagens, sorrisos, histórias e dizia ter um piercing. Ele não. Naquela noite os dois não se largaram. Já na manhã seguinte, aprenderam que só mesmo com muita cerveja para as leis da física fazerem algum sentido.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Yael Naim - New Soul


Música do mês, muito foda. E o vídeo é melhor ainda.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Ele. Ela.

Ele. Dorme e sonha com os anjos. Ela. Acordada. Deixa o seu ar celestial de lado e repara no desenho da boca que a hipnotiza há anos. Não precisa mais que alguns segundos para perder o controle. Avança com a vontade de dar o último beijo da sua vida. O mais gostoso. O inesquecível. Os lábios se encontram com calma. Ele. Dormindo, beija e acredita não passar de um sonho. Ela. Beija como se já estivesse sem roupa. Ele. Luta para continuar sonhando com aquele beijo. É inevitável. Abre os olhos. Acorda. Mas ao contrário do que pensava, Ele não estava sonhando. Era melhor que isso: Ela o beijava. Ela. Que agora já estava sem sua fantasia de anjo e por cima. Provando mais uma vez que ao seu lado não existe o beijo mais gostoso de todos. Ela. Sempre tem um melhor.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Manifesto das flores

Você já percebeu que flores demoram muito tempo para se formarem?

Muito mais tempo do que você precisa para responder seus e-mails. Atender o celular. Responder um SMS. Ver um filme no youtube ou fazer uma piada no Messenger.

Se pensarmos que você faz tudo isso ao mesmo tempo, podemos afirmar: uma flor demora uma eternidade para nascer.

Uma eternidade que no mundo da semana passada, não significa muita coisa. Mas mesmo assim uma eternidade.

Finalmente elas nascem.

Nascem, para ficarem ali paradas. Sem fazer nada.

Enquanto você fica aí. Se esforçando pra fazer tudo ao mesmo tempo. E alegrar todos em sua volta. Sem ter um segundo pra você.

Cinema? Viagem? Claro, porque não. Você vem de Rondônia?

Elas. Não têm celular e nem computador. Não falam com ninguém. Passam o dia ali paradas, sem fazer nada. Apenas vivendo.

Mas ao contrário de você, roubam um sorriso de todos que encontram. Pelo simples e único fato de existir.

Talvez, na correria você não perceba.

E tenho certeza que vai até achar que é mentira. Mas mesmo assim vou dizer:

Você também não precisa de muito para conseguir um sorriso de quem está ao seu lado.

Dica pra você ou promessa pro meu ano novo?

Essa eu deixo por sua conta.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Tales Of Mere Existence

Uma série animada no Youtube sobre relacionamentos. Sensacional! Vale a pena ver todos. Selecionei esses três.

Enjoy it!

How To Break Up


Horny


Conversation

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O tempo

Ela estava ali do outro lado da rua e 15 anos mais velha. Demorei alguns segundos para lembrar seu nome. Détinha, a menina mais linda da quarta série do Colégio Alcântara Machado. Tinha os cabelos castanhos claros, um sorriso lindo sempre presente e olhos que me hipnotizavam. Chegava cedo para sentar na primeira carteira e eu mais cedo ainda para conseguir a segunda. Entre um problema e outro de matemática, estudava para o provão daquele ano: descobrir o nome do seu perfume.

Dela roubei meu primeiro beijo, senti o primeiro frio na barriga. Por ela, dancei forró, aprendi sobre papéis de carta, pulei elástico, deixei de rodar peão, joguei vôlei e ganhei um concurso de lambada.

Pensei que nunca mais a veria, mas ali estava. Os anos e Détinha não foram grandes amigos. Ao contrário do seu decote, ela não cresceu muito desde a última vez que nos vimos. O cabelo já tem mais de 5 cores e o sorriso escolheu o amarelo como cor única. Ela fala alto ao telefone, masca chiclete de boca aberta e usa um shortinho curto para mostrar todo o recheio que não lembra nada a época que era um sonho.

Foi como ir ao zoológico depois de grande. A primeira vez é inesquecível, você fica horas esperando pelo leão. E quando finalmente consegue ver, comemora mesmo que tenha visto apenas o rabo mexendo. 10 anos depois, você percebe que o grande rei da selva é na verdade um gatinho com cara de fome que em vez de rugir: boceja.

Ela me viu, atravessou a rua correndo em minha direção. Eu fiquei parado. Olhei pro chão. Congelei. Ela me abraçou e disse:

- Bruno, que saudade! Sou eu, a Détinha!

Respirei por 2 segundos. Lembrei do nome do seu perfume, do primeiro filme que vimos juntos, do número da sua casa e fiquei em dúvida se seu gatinho chamava Pepito ou Chespito. Fato esse que me distraiu e sem pensar respondi:

- Desculpe, mas você deve ter me confundido com alguém. Meu nome não é Bruno.

Ela se assustou com a resposta. Eu também. Ela se desculpou e eu passei a ver suas costas enquanto ainda tentava recuperar as palavras. Détinha foi embora. Voltou para o lugar onde muitas coisas não deviam sair nunca: nossa memória.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Frases do dia - Update


“Parecia-lhe que o mundo estava dividido em duas espécies de pessoas: as boas e as más. As primeiras dormiam melhor, mas as últimas se divertiam muito mais durante o dia.”
...

"Não é que a vida é dura. É que o fato da gente achar que ela devesse ser mole é uma senhora distorção.