sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Crescer

Queria ter um único amor, uma única paixão, um único beijo inesquecível. Queria viver pra uma pessoa, sonhar com filhos e viver em um único porto. Queria me apaixonar pela menina do panfleto, conhecer a caixa da padaria e casar com a das Casas Bahia.

Queria sorrir ao som do Calypso, dançar a dança da Manivela, achar Zezé di Camargo o melhor dos compositores e chorar ao saber da separação de Sandy e Jr.

Queria que meu livro favorito fosse o Pequeno Príncipe, queria perder a noção do tempo lendo Paulo Coelho, adorar “Quem roubou meu queijo?”. Queria ter um único sonho, queria desejar a paz mundial e lutar contra o aquecimento global.

Queria me contentar na sexta com duas cervejas, e no sábado esperar ansioso pelas piadas do Zorra Total. Queria entrar no bolão do assassino da novela das 8, passar o domingo rindo com o Gugu e o Faustão, dormir antes do Fantástico e acordar cedo na segunda-feira sem reclamar.

Eu queria me contentar com o meu salário, trabalhar 30 anos na mesma firma, ter horário pra entrar, pra sair e bater cartão. Queria me aposentar e ir morar no interior, comer mortadela com tubaína, ter minha horrrta e na Páscoa esconder ovos pros meus netos. Eu queria sentar em uma cadeira de balanço e esperar.

5 comentários:

Revisora do P... disse...

Um dia você vai encontrar uma menina que terá olhos mais lindos que a menina do panfleto, sorriso mais simpático que a caixa da padaria e ser mais encantadora que a das Casas Bahia.

Nesse dia ela vai ser todas em uma só e te dará o beijo inesquecível no primeiro dia do resto das suas vidas e aí você não apenas sonhará com filhos, mas sim com abraçar o mundo e então saberá que está no seu porto, pois nosso porto seguro é feito no coração das pessoas com quem estamos, independente dos mares que temos que navegar.

Um dia você vai descobrir que dançar ao som do Calypso ou de quem quer que seja é questão de permitir-se, nem que seja por um momento.

Um dia você vai descobrir que gostar do livro x ou y é questão de abster-se de parâmetros e tentar enxergar algo, nem que seja o mínimo.

Um dia você vai descobrir que beber uma só cerveja ou assistir a uma determinada programação é uma questão de acomodar-se, nem que seja só em um dia de extrema preguiça.

Um dia você vai descobrir que não reclamar na segunda-feira é questão de educar-se, nem que seja só em uma.

Um dia você vai descobrir que realmente é mais cômodo estar em um mesmo lugar a vida inteira, mas que se fosse assim você não faria tantos amigos.

Um dia você vai descobrir que se você realmente quisesse essas coisas, talvez não fosse a pessoa que muitos amam.

Um dia você vai descobrir que se você realmente quisesse essas coisas, não teria tantas histórias para contar aos seus netos quando estiver sentado na sua cadeira balanço. E essa você ainda pode ter.

Um dia você vai descobrir que podemos ser nós mesmos, mesmo fazendo coisas que não fazem parte de nós.

Adorei o texto!!!!!

Wolf disse...

Cara... a ignorância é uma benção lembra?!

Mas a vida da voltas, e te leva pra lugares onde vc não imagina, onde você não imagina fazer coisas que acabou de fazer, as vezes que nem se lembra se vez, e, na maioria, não faz idéia de como fez.

Nesses momentos onde vc se perde de novo, e se sente ignorante é onde surge a felicidade, é como ler o pequeno príncipe pela primeira vez.

Anônimo disse...

adorei os textos, todos, mesmo sabendo que é mentira sua. eu poderia querer a mesma coisa, mas não quero, e sei que você também não.

Briza disse...

eu também queria, ó.

Rafael disse...

queria que você parasse de se lamentar, inventasse uma própria religião e dissesse ao seu patrão que às oito da noite é hora de jogar futebol com os amigos, porque é sagrado, e não de fazer trocadilhos internéticos.
até sábado.
um abraço
primo